quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Singela Homenagem ao grande poeta

Uma didática da invenção (Manoel de Barros)

I

Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber:
a) Que o esplendor da manhã não se abre com faca
b) O modo como as violetas preparam o dia para morrer
c) Por que é que as borboletas de tarjas vermelhas têm devoção por túmulos
d) Se o homem que toca de tarde sua existência num fagote, tem salvação
e) Que um rio que flui entre 2 jacintos carrega mais ternura que um rio que flui entre 2 lagartos
f) Como pegar na voz de um peixe
g) Qual o lado da noite que umedece primeiro.
etc.
etc.
etc.
Desaprender 8 horas por dia ensina os princípios.

II

Desinventar objetos. O pente, por exemplo.
Dar ao pente funções de não pentear. Até que
ele fique à disposição de ser uma begônia. Ou
uma gravanha.
Usar algumas palavras que ainda não tenham
idioma.

III

Repetir repetir — até ficar diferente.
Repetir é um dom do estilo.

IV

No Tratado das Grandezas do Ínfimo estava
escrito:
Poesia é quando a tarde está competente para dálias.
É quando
Ao lado de um pardal o dia dorme antes.
Quando o homem faz sua primeira lagartixa.
É quando um trevo assume a noite
E um sapo engole as auroras.

V

Formigas carregadeiras entram em casa de bunda.

VI

As coisas que não têm nome são mais pronunciadas
por crianças.

VII

No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá
onde a criança diz: Eu escuto a cor dos
passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não
funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um
verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz
de fazer nascimentos —
O verbo tem que pegar delírio.

VIII

Um girassol se apropriou de Deus: foi em
Van Gogh.

IX

Para entrar em estado de árvore é preciso
partir de um torpor animal de lagarto às
3 horas da tarde, no mês de agosto.
Em 2 anos a inércia e o mato vão crescer
em nossa boca.
Sofreremos alguma decomposição lírica até
o mato sair na voz .
Hoje eu desenho o cheiro das árvores.

X

Não tem altura o silêncio das pedras.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Comunidade Virtual

O que é uma Comunidade Virtual?
         Com base em Preece (2000), pode-se dizer que comunidade virtual é um espaço de interação onde seus membros possuem os mesmos interesses e interagem por meio de ferramentas de comunicação na Internet, criando um espaço de aprendizagem, em que há cooperação e interatividade.
         Para Rheingold (1996), "Comunidades virtuais são os agregados sociais surgidos na Rede, quando os intervenientes de um debate o levam por diante em número e sentimento suficientes para formarem teias de relações pessoais no ciberespaço."
         Entendo que uma comunidade virtual é um espaço rico de possibilidades, pois a interação pode acontecer por meio de fóruns, chats, listas de discussão e outras ferramentas, que facilitam a troca de conhecimentos e informações, contribuindo assim, para o processo de ensino e aprendizagem, tendo em vista que o sujeito envolvido no processo interativo, tende a manter-se sempre informado e motivado a contribuir, a construir conceitos e ideias, a socializar diversos tipos de informações, as quais poderão ser (re)aproveitadas por outros.
         Para saber mais sobre comunidades virtuais e conhecer alguns teóricos que tratam desse tema, acesse:
http://www.ead.fiocruz.br/sobre-o-ead/comunidade-virtual-de-aprendizagem/
http://www.cinted.ufrgs.br/ciclo9/artigos/8aEunice.pdf
http://www.pucsp.br/tead/n1a/artigos%20pdf/artigo1.pdf



Se a escola fosse uma orquestra

Se a escola fosse uma orquestra

Se a escola fosse uma orquestra, seria possível ouvir-se a sinfonia da compreensão humana? Como haver sinfonia se cada músico está com seu instrumento em um tom?
Onde está o autor da sinfonia? Ou será que a orquestra é que não quer tocá-la? A orquestra está desafinada. E o maestro? Deve ser responsabilizado pelo insucesso? E os ouvintes, por que não gritam? Estão mudos?
Não; não sabem gritar.
Gritam, às vezes, buscando em outro músico o fracasso advindo do tom desafinado que emitem. E você? Também é músico nesta orquestra?
A escola nunca será orquestra, se cada músico não se afinar. Os músicos devem interpretar a partitura da compreensão humana, para atender a cada ouvinte na sua individualidade. Não basta simplesmente tocar.
A harmonia entre os músicos e os ouvintes é a compreensão, o respeito, a doação, o "assumir", é a responsabilidade, o envolvimento com o trabalho.
Reaja diante da música. Se um tom soa-lhe desafinado, pare!
O ponto de espera é calmo e longo; com sua ajuda virá outra música. Com certeza será o início de uma verdadeira orquestra onde todos possam entoar a música da Paz, da Harmonia, da Colaboração, do Respeito Mútuo.
(Autor desconhecido)